À boa fé!

Há uma ténue linha
Entr’o ser-se sério,
E estar no critério
De quem alinha!

Pois o parecer
Pode não sê-lo,
Mas ao fumo vê-lo
Pode ainda arder!!

E de César a mulher
Não lhe chega ser séria,
Que qualquer galdéria
Pode nã’o parecer!

E onde há suspeita
De promiscuidade,
Há forte probabilidade
De haver “receita”!

E quem não mistura
Alhos com bugalhos,
Não se mete em trabalhos
De contra-factura!

Pois quem nos nomeia
E faz o ordenado,
Tem que ter o cuidado
Naquilo que semeia!

Se semear compadres
Na “distribuição”,
Pode dar corrupção
Atrás das grades!?

Ou os tais favores
Não quiseram sê-lo,
E não quis fazê-lo
Nesses bons humores?

E se lá os fez
Foi sem intenção,
Porqu’a nomeação
Não s’a queria à vez!?

E s’aos amigos
Dessa clientela,
Nem deram por ela
Em tantos pedidos?

Por uns copos beber,
Ou gritar “benfica”,
Quem é qu’acredita
Qu’isso dê poder?!

Há uma ténue linha
Entr’o ser-se sério,
E quem faça mistério
Porque nisto adivinha!

Não há corrupção
Nessa ampla liberdade,
A qu’a promiscuidade
Lá possa ter perdão!

E se não houve crime
É tudo pois legal,
E não há nada de mal
Qu’isto s’ensine!?

E s’existir vontade
Que seja coincidente,
Nomeá-lo à frente
Só pela oportunidade…

Não pode ser modelo
Mas não deixa ser ético,
Qu’o parecer eclético
Pode nisto não sê-lo!?

E a boa da empresa
Que tem nisto ética,
Lá trata com cosmética
A moda da freguesa!!

E nist’o parecer
Em tanta evidência,
Só dá coincidência
No qu’isso possa ser!?

Em tantos e bons anos
Dum “quase compadrio”,
A empresa nunca viu
Registos por enganos…

E aquilo que parece
Acaba por não o ser,
Qu’isto, quer-se crer,
Nunca acontece…

É pura demagogia
Falar-se de corrupção,
Que nist’a presunção
Não o parecia!?

E aquilo que não é
Não pode parecer, (e)
Eu estou sempr’a aprender
C’a boa-fé!!

🙂

Joker