Carta Aberta

Alô, está aí alguém?
Socorrooooooo!!!
Se não m’atendem “morro”
À espera da casa-mãe…

Entregue aos bichos,
Pois aqui me tenho,
Nem o gago dá amanho
Aos meus suplícios?

Aqui na sua sala
Onde “bota faladura”
Onde espraia vasta cultura,
Agora cala???

Já não não “verbaliza”
O gago institucional?
Agora mudou de local
E já não “pensa”… “idealiza”!?

E não havendo telefones
Nem gente pr’os atender,
Quem é que nos vai socorrer
Perant’os desconformes?

Ah e tal,
Estamos aqui pr’a servir…
Mas isto é vê-los partir
De qualquer modo “legal”!

Em caso de dúvida,
Avança qu’é seguro!
Que depois eles “dão no duro”
A imputar-lhes a culpa!

É fazer um exercício
De imaginação,
E ver a médica em impugnação
C’um violento ofício:

Sr. Administrador,
Nunca imaginei este cenário,
Sendo você o corolário
Do garante do trabalhador…

E agora tê-lo
A dar chancela abusiva,
C’uma veia interpretativa
Que não é modelo…

Tem V. Ex.a qu’entender
Que existe normativo,
E não aceitamos que, por seu crivo,
Tenhamos que obedecer!

Senão faço-lhe uma carta aberta
Ou um post no pensar,
E s’isto tiver que parar
O gago põe a assembleia deserta…

Não deserta de gente,
Mas de acérrima vontade!
E paramos esta arbitrariedade
De frente!!

Ouviu? Que desfaçatez!
Isso não se faz!
Olhe que nem um capataz
Teria essa altivez!

Sei o que digo!
Sim, trabalho em psiquiatria!
Você não sabia?
Tenho aqui o estetoscópio comigo!

Portanto, se não muda
Vou chamar o gago!
E ele convoc’o estado,
E é um Deus nos acuda!

E declara a greve
De férias na Tailândia,
E depois nem pr’a Finlândia
Vai um qualquer almocreve!

Bem, talvez dois ou três,
Se calhar três ou quatro…
Mas demonstramos ao patronato
Que somos unidos, talvez…

Bem, há sempre cinco ou seis
Que vão p’la porta do cavalo,
Qu’a greve dá sempre galo
Às Marias e aos Manueis…

Leu bem?
Se mudar de política,
Dou um espetáculo de lycra
No varão de casa-mãe!

Faz-se uma extraordinária
Só pr’a celebrar o acordo,
E dá-se um grande espectáculo
Á tod’a massa proletária!

A cultura às massas!
E viv’a paz social!
Viva Portugal,
Caraças…!!!

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Joker